Trabalho qualificado: atitude e idioma são diferenciais


teste-artigoRIO — A pesquisa recente da Firjan, “O que falta ao trabalhador brasileiro”, descobriu que as habilidades de comunicação e relacionamento estão escassas no mercado nacional.
— As empresas sentem muita falta de características comportamentais — diz Hilda Alves, gerente de Pesquisa da Firjan, que diz que o reforço no ensino de matemática pode ajudar a formar profissionais com mais atitude. — É que, quando se aprende matemática, a habilidade de resolver problemas e desafios e de persistir é desenvolvida. Além disso, a questão do exemplo é fundamental: o profissional se espelha no comportamento do chefe ou do colega.

País precisa de Geocientistas

Fernando Mantovani, diretor da Robert Half no Brasil, ressalta que, além das habilidades técnicas e comportamentais, o domínio de idiomas — preferencialmente um além do inglês — será exigência em 2014.
— A demanda por candidatos qualificados, com boa formação, experiência e conhecimento de idiomas se manterá alta — afirma.
No setor de óleo e gás, o inglês é pré-requisito para a maioria dos cargos, já que é um mercado altamente internacionalizado, que, segundo Mantovani, deve voltar a se aquecer a partir do segundo semestre deste ano, por reflexo dos leilões realizados em 2013.
No setor, a profissão de geocientista — geólogo e geofísico mais especificamente — deve ser das mais demandadas, como mostra a lista da Michael Page das dez profissões que estarão em alta no ano de 2014.
— Quem pretende escolher essa carreira tem uma boa opção em relação à perspectiva de futuro, até porque o Brasil forma poucos geocientistas. Além da demanda crescente para a área de petróleo e mineração, esse profissional está cada vez mais em alta pela questão da sustentabilidade — avalia a professora do Ibmec/RJ, Janaína Ferreira.
A gerente de pesquisa da Firjan lembra que, embora a empregabilidade seja muito alta para quem se forma em óleo e gás — seja em nível técnico ou nível superior — esse é um setor que requer qualificação permanente.
— Mesmo quem já está empregado, se matricula para fazer cursos e se atualizar. É um setor muito exigente em termos de qualificação — destaca Hilda.
O aquecimento do segmento de óleo e gás motiva, também, o desenvolvimento da indústria naval, de segurança de trabalho e da área de logística — muito requerida não apenas para energia, mas para outras indústrias também.
— Na indústria naval, o crescimento se dará, principalmente, pelo setor petrolífero, impulsionado pelas descobertas no pré-sal, e também pela decisão do governo de impulsionar o transporte marítimo e fluvial, investindo em hidrovias e navegação de cabotagem — explica a especialista em recursos humanos Jacqueline Resch.
Já o setor de logística se aquece além das necessidades do petróleo, abrindo oportunidades para profissionais atuarem também, por exemplo, com o comércio eletrônico.
— O profissional de logística pode ter diversas formações, como administração, marketing e direito, mas é necessário que tenha uma pós-graduação em logística — diz a professora do Ibmec.
Diferentemente da área de segurança de trabalho, cuja formação precisa ser mais específica — engenharia de segurança do trabalho ou curso técnico de segurança do trabalho.
— A legislação de segurança e meio ambiente tem se tornado mais abrangente e rigorosa. Os aspectos técnicos e nível de proteção ao indivíduo têm sido mais exigidos. Há carência de técnicos, sobretudo de bons técnicos. Como a quantidade de técnicos é, em várias situações, regulada por legislação, as oportunidades estão ligadas ao crescimento da economia — afirma Paulo Mota, Diretor de Desenvolvimento Organizacional da Rexam na América do Sul.

Eventos, turismo e esportes

Outro segmento em que falar bem inglês e outras línguas estrangeiras faz toda diferença é o de turismo e hotelaria, aquecido por conta dos grandes eventos esportivos, como a Copa, no meio do ano, e as Olimpíadas, daqui a dois anos. Eventos esses que também movimentam as áreas ligadas aos esportes.
— O turismo é uma vocação nacional, que se beneficia dos eventos internacionais. Assim como o esporte, que gera oportunidades por causa das competições, mas também em razão da valorização recente de modalidades como vôlei, atletismo e natação. Há cada vez mais uma cultura voltada para os esportes — acredita Janaína Ferreira.

Fonte: O Globo